2. Jeep Willys MB 1944, de João Barone (Rio de Janeiro, Brasil)

Serial Number:   387.258
Body Number:   140.935 (ACM Type II)
Date of Delivery:   Oct. 1944
Hood Number:   20651893-S
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O meu simpático amigo João Barone (êle mesmo, o baterista do Paralamas, na foto, à esquerda ao lado do mecânico Zezinho), fez no Rio uma aprimorada restauração do seu Jeep MB. É um  pesquisador apurado do assunto e também outro dos poucos membros da MVPA - Military Vehicles Preservation Association, no Brasil. Procurou o que há de melhor no seu jeep objetivando aproximá-lo ao máximo dos 100% de originalidade.

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A restauração foi feita na oficina do Zezinho, no Rio, muito conhecido como especialista nesse tipo de veículo, não só em MB e GPW (ele mesmo tem um GPW), mas também em M-38, M-38A1, Kaiser e até no M-151, o Mutt, muito raro aqui no Brasil.

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Eu e o Barone temos trocado nossas experiências nas restaurações e recebi boas dicas dele. Como terminou há pouco (está rodando com o seu jeep desde Maio de 1999), na parte de acabamento estou seguindo o caminho que ele abriu (estofamento, pintura, etc.). Parte dessa experiência está transferindo aos aficcionados do assunto, colaborando com matérias para a revista 4x4 & Cia. No número 72 (Julho/1999) foi publicada uma interessante colaboração sua sobre jeeps 1942. Outra boa idéia do João Barone é reunir a turma ligada em veículos militares em todo o Brasil, através de uma associação nos moldes da MVPA (talvez até uma seção dela no Brasil). Estou torcendo para dar certo essa ótima idéia.

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Acima à esquerda, o interior do Jeep do João, já com os estofamentos da Beachwood Canvas instalados. Acima à direita, (do primeiro plano para o último), um M-38A1, um M-38, o Ford GPW do Zezinho e o Willys MB do Barone, posando para uma das fotos que sairão na matéria da 4x4&Cia. de julho. Abaixo, várias fotos, já com muitos acabamentos instalados (antena MP-48, rifle-holder, capota, assentos, capa protetora do pára-brisas, etc.), pouco antes de ficar pronto para rodar. A foto logo abaixo à direita mostra uma interessante solução para proteger a base da MP-48: uma travessa afixada na lateral e no suporte (MP-50) que permite desviar da antena qualquer impacto direto. Uma espécie de "quebra-mato".

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As marcações feitas nos jeeps têm sua ciência. As marcações do Exército Brasileiro não são permitidas, nem os símbolos atuais (escudo do Exército) nem os da época da 2ª Guerra Mundial (Cruzeiro do Sul inscrito em uma circunferência). Resta, portanto, aos restauradores seguir as marcações de outros países que participaram da 2ª Guerra. Na impossibilidade do Brasil, os Estados Unidos, Canadá e Grã Bretanha têm sido os preferidos. As marcações americanas seguem a norma AR 850-5, "Marking of Clothing, Equipment, Vehicles and Property", Section III. Nas fotos a seguir pode ser vista a aplicação das marcas e símbolos do Exército Americano no jeep do João Barone, procurando seguir estritamente a AR 850-5 e utilizando, para melhor acabamento um aerógrafo.

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O símbolo do Exército Americano é uma estrela de cinco pontas, pintada em branco-fosco sobre o capô (15"), nas laterais (6") e no centro do parachoques dianteiro (4"). A estrela circunscrita em um círculo, como a adotada pelo João Barone, é representativa de veículo que participou de força de ocupação.

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As marcações pintadas nos parachoques dianteiro e traseiros devem ser idênticas e consistem em quatro grupos em ordem consecutiva, da esquerda para a direita, com caracteres pintados igualmente em branco-fosco. O primeiro grupo designa a unidade, geralmente Divisão, Corpo ou Exército. O segundo grupo designa o agrupamento, geralmente Regimento, Brigada ou Batalhão. O terceiro grupo indica as companhias e organizações similares. Finalmente, o quarto grupo designa o número que cabe ao veículo na ordenação de marcha dentro de sua unidade. A marcação adotada pelo Barone indica que seu jeep é o Quarto Veículo da Companhia A, 702º Batalhão de Tanques, 2ª Divisão Blindada.

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A AR 850-5 especifica que o número de registro (conhecido como hood number) deve ser aplicado já na fábrica e, por estabelecer sua permanente identidade, não pode ser mudado ou transferido para outro veículo em nenhuma circunstância. Esse número é originado dos contratos de fabricação feitos pelo Exército Americano com Willys e Ford. Os livros "All-American Wonder (vol. 2)", de Ray Cowdery e "The Military Jeep", de Lawrence Nabholtz, mostram mais detalhadamente esses contratos e uma correlação existente entre o número de série de um jeep e seu hood number.

Ainda segundo a AR 850-5, o jeep deveria sair de fábrica com esse número pintado em cada lado do capô, na cor azul-fosco, com  2 polegadas de altura. Acima dele, as letras U.S.A., na mesma cor e altura. Como o jeep do João, a grande maioria dos jeeps tem o hood number pintado de branco-fosco, como de fato ocorria durante a 2ª Guerra quando se repintava esse número no veículo. O número pintado pelo João Barone é coerente com a data de fabricação e indica fazer parte do contrato W-5 firmado pelo Exército Americano com a Willys. A letra "S", após o número, significa que o veículo foi isolado (suppressed) para eliminar rádio-interferências causadas pelos seus sistemas elétricos e permitir a instalação de rádio-transmissores e receptores de campanha. Esse "S" é pintado em azul-fosco nas laterais do jeep, a altura do suporte do parabrisas e de branco-fosco logo após o hood number, por ocasião de eventual repintura.

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Nas fotos acima, o jeep com todas as marcações aplicadas. As inscrições traseiras na capota eram comuns nos jeeps que saíam da Inglaterra e alertavam para a posição do motorista à esquerda do veículo, no estilo americano, em contraposição à chamada mão inglesa, cujo trânsito é baseado no motorista localizado à direita do veículo.

E, finalmente, a partir de 28 de maio de 1999, JÁ RODANDO, a jóia preciosa do João Barone, parando o trânsito do Rio de Janeiro. Na primeira foto abaixo, uma foto de como o Jeep foi encontrado e adquirido em Juiz de Fora, MG. Na segunda, já restaurado e estacionado em frente ao prédio dele. Na última foto, o Jeep já com as marcações da 2nd Armored Division/ 702nd Tank Destroyer Battalion (Hell on Wheels), na Praia de Ipanema.

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