As fotos desta página mostram como estava o meu jeep antes do início da restauração. Como pode-se observar pelas fotos abaixo (tiradas em abril de 1998 na oficina do meu amigo Sérgio N. Annibal, que tem me auxiliado e incentivado bastante), apesar de passados 56 anos, o Jeep encontrava-se em  estado razoável. Desde que o adquiri,  em 1970, ele sempre ficou abrigado em garagem coberta, o que explica sua boa aparência geral. Há, entretanto, uma grande distância entre a sua aparência razoável e a condição de restauração que se pretende atingir. 
Na foto acima, de 1970, na frente do Jeep, eu (à esquerda), meu pai Gaspar (centro) e meu irmão Gaspar Filho.

Chamam a atenção (negativamente) a capota, completamente diferente do modelo militar e a cor verde, diversa do tom original, o verde-oliva fosco do Exército.

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Algumas coisas curiosas podem ser observadas no Jeep. Embora não seja o modelo "slat-grill" (primeira série do MB, fabricado pela Willys entre novembro de 1941 e março de 1942, caracterizada por uma grade dianteira de aço parecida com uma grelha), trata-se de um "script", já que tem a inscrição WILLYS em alto relevo estampada no painel traseiro esquerdo da carroceria. Qual a explicação? Um "slat-grill" com a grade substituida? Um MB comum no qual, após alguma avaria, foi utilizado o painel traseiro de algum "slat-grill" sucateado? Qualquer dessas explicações seria possível, pois é prática comum dos exércitos promover canibalismo entre viaturas para mantê-las rodando. O que parece mais provável é que seja o modelo de transição entre o "slat-grill" (a chamada Very Early Production) e a série seguinte (Early Production), mencionado nas literaturas especializadas e fabricado entre fevereiro e maio de 1942. Essa é uma das dúvidas que deverão ser esclarecidas ao longo da restauração. Ainda como curiosidade: os "scripts" pararam de ser fabricados nessa época, quando o exército americano proibiu a Willys e a Ford de fazer os MB e GPW com suas marcas estampadas, alegando que os veículos militares não deveriam ser utilizados para fazer propaganda. Alguns dizem que, na verdade, o exército americano só tolerou a estampa das marcas durante algum tempo porque os soviéticos tinham o costume de dizer, durante a guerra, que as armas eram fabricadas por eles.

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Outra peculiaridade é o latão de gasolina (jerrycan) de modelo inglês, comum durante a Guerra na África e Europa e também utilizado pelo Exército Brasileiro durante a Campanha da Itália, na 2ª Guerra Mundial. Curiosamente, a versão inglesa desse latão é uma cópia quase idêntica do latão de 20 litros usado pelo exército alemão. Os latões de gasolina do Jeep que eram instalados originalmente vinham com as letras QMC (de Quartermaster Corps) ou USMC (de United States Marine Corps) estampadas em baixo relevo na sua parte frontal inferior. Dada a ausência das plaquetas de identificação e de embarque, normalmente afixadas no painel do jeep, as suas numerações vão sendo definidas ao longo da restauração. Com a desmontagem do jeep, estou descobrindo alguns números e indícios que poderão auxiliar a definir melhor suas origens e destinos. Consta que teria estado na Itália durante o período 1944-45 da 2ª Guerra Mundial, servindo o 6º Regimento de Infantaria da FEB - Força Expedionária Brasileira, inclusive em combate. Com o fim da Guerra, teria voltado ao Brasil e sido reintegrado às atividades normais de transporte do Exército Brasileiro. Se for verdade deve ser um dos poucos jeeps no continente americano que estiveram efetivamente em combate, pois os outros dois países americanos que participaram da 2ª Guerra, Estados Unidos e Canadá, deixaram na Europa e Pacífico a grande maioria dos veículos que utilizaram, quando terminou o confronto.

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O velho, porém valente, motor "Go Devil", # MB420235, 4 cilindros, 2.199 cm3, "L-Head", de 60 HP, com data de fundição (casting date) de 16 de maio de 1944, portanto correto, embora não o original, antes de ser retificado e com algumas improvisações para serem desfeitas, como o impróprio carburador Solex, em lugar do Carter original.

 

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