Restauração Passo a Passo

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Concluído o trabalho de restauração pela Automotor, é iniciada uma nova etapa, a fase dos "test-drives". A longa e substancial restauração implicou no reparo e/ou substituição de mais de 90% dos componentes do jeep, fazendo-se necessária uma meticulosa verificação do correto funcionamento de todas as partes reparadas ou substituídas.

O primeiro período de testes apresentou como inconveniente principal o superaquecimento do motor. Tão logo o veículo foi retirado da oficina e rodados alguns poucos quilômetros, o mostrador de temperatura apontou superaquecmento, passando da marca dos 200ºF (a operação normal fica na faixa entre 160 e 180ºF). Na volta à Automotor foi constatada como causa o excesso de sujeira nos dutos do motor (totalmente retificado, porém há muito parado) e o radiador (ainda o antigo) bastante avariado.

Feita a limpeza dos componentes e a substituição do radiador por um totalmente restaurado, cerca de duas semanas depois iniciamos o segundo período de testes. O problema reduziu-se bastante, mas a temperatura de trabalho do motor ainda era alta (mais de 180ºF), superaquecendo quando o jeep era submetido a esforços maiores. Outros inconvenientes constatados foram vazamentos de gasolina nas junções dos dutos entre o filtro de gasolina e o carburador. Voltei novamente a Automotor e foi constatado que o superaquecimento era decorrente do mau funcionamento e regulagem do cilindro-mestre dos freios, que após aquecer, comprimia as sapatas dos freios contra as panelas prejudicando a livre rodagem do veículo e submetendo o motor a maiores esforços.

Reparados mais uma vez os defeitos encontrados , o que demorou cerca de duas semanas mais, passamos ao terceiro período de testes, durante o qual ocorreu a estranha quebra do semieixo traseiro. Estava aguardando o sinal abrir em um cruzamento e quando engatei a primeira marcha e saí, ouvi um barulho de quebra e o jeep ficou sem tração traseira. Liguei a tração total e, com a tração dianteira apenas funcionando, pude seguir em frente e levar o veículo à Automotor no dia seguinte para a substituição do semieixo traseiro direito.

Feito o reparo, passamos ao quarto período de testes. Durante esse período foi observado um barulho sob o assoalho, na altura da caixa de transmissão. Outro pequeno inconveniente foi a desregulagem da posição dos pedais de freio e embreagem. Além disso notei um vazamento de óleo nos terminais do eixo traseiro. Na Automotor foi constatado que o barulho no assoalho era devido à pouca espessura dos calços de fixação da carroceria, que fazia com que a chapa do assoalho encostasse na caixa de transmissão e vibrasse, produzindo um ruído que sugeria problema interno no câmbio. O vazamento de óleo do eixo traseiro era decorrente do mau aperto dos parafusos de fixação.

Feitos os ajustes devidos, partimos para o quinto período de testes. Neste período apareceram alguns pequenos inconvenientes que foram sendo resolvidos rapidamente. O mais importante deles foi a desregulagem progressiva da embreagem que fazia que a primeira marcha e a ré "raspassem" cada vez mais. Com a ajuda do nosso amigo Kinho fizemos a regulagem e o engate das marchas se normalizou. Outro pequeno problema que estava causando barulheira no rodar era a falta de lubrificação entre as lâminas dos feixes de molas. O próprio Kinho desmontou os feixes, raspou lâmina por lâmina, retirando toda a ferrugem e sujeira ainda existentes, engraxando-as e fazendo a remontagem deles. Além de mais silencioso, o rodar ficou também mais macio.

A previsão é que, concluídos os "test-drives" possamos fazer a instalação dos componentes e acessórios que ainda não foram colocados para não sujar ou riscar e também proceder à pintura das marcações militares e de número de registro no jeep.

A seguir, as fotos mais recentes do jeep, tiradas em 5 de Agosto de 2001, no encontro mensal promovido pela Federação Paulista de Automóveis Antigos todo primeiro domingo do mês em frente à centenária Estação da Luz, em São Paulo.

Ao lado, o jeep, em sua primeira aparição pública, no trecho onde estavam estacionados os veículos militares que lá foram. Ao fundo da foto um belo Corvette 1958 e a centenária Estação da Luz.
Em primeiro plano o saudoso "sogrão" José Espin, que me acompanhou naquele dia.

Acima, a nota que a revista Oficina Mecânica publicou sobre o jeep, inserida na reportagem sobre o evento.